Quem é o sujeito indígena? (parte 2)

Indígenas brasileiros: quem são, quantos são, onde vivem.

  • Populações indígenas pré-cabralinas: estimativas apontavam para uma população em torno de 2milhões e 400mil e 8milhões e 500mil;
  • Cálculo das populações indígenas atuais: dados diferenciados entre as primeiras análises do antropólogo Darcy Ribeiro em meados dos anos 50→estimativas entre 68 mil e 99 mil indivíduos;
  • Os estudos do antropólogo denotava perspectivas pessimistas e apontavam para um futuro de decréscimo e dizimação para as diversas etnias indígenas brasileiras;
  • Ao contrário do que diagnosticava as estimativas numéricas do antropólogo em 1950, os números relativos à população e grupos indígenas cresceram a despeito das perspectivas negativas, algumas das razões seriam:

* Relativo controle de determinadas doenças antes desconhecidas pelas comunidades;
* Reconhecimento de determinados grupos que antes se tinha como extintos;
* Grupos desconhecidos ou isolados que por algum motivo acabaram por ser contactados.
  • O processo de “emergência étnica” pode ser identificado então como um dos principais fatores para o aumento dos índices populacionais →retomada das identidades indígenas antes escamoteadas ou abandonadas por medo da perseguição de indivíduos interessados nas terras comunais indígenas.
Mapas de distribuição e densidade populacional das etnias indígenas no Brasil. Fonte: MELATTI, 2007. 
  • Sendo assim, segundo Melatti, as áreas de maior densidade populacional indígena no Brasil são:
ØAlto do Rio Solimões  oeste do estado do Amazonasticunas;
ØNordeste de Roraima macuxis e uapixanas;
ØFronteira entre Amazonas e Parásaterés (maués);
ØExtremo norte do Amapá → palicures, caripunas e galibiris-maruornos;
ØCentro do Maranhão → guajajaras e awá-guajás (teneteharas);
ØNorte do litoral da Paraíba → potiguaras;
ØFronteira de Bahia, Pernambuco e Alagoas → região das represas e cachoeiras do rio São Francisco;
ØNorte de Minas Gerais → xacriabás;
ØCentro-sul de Mato Grosso do Sul → terenas e guaranis;

Classificação Linguística dos Grupos Indígenas Brasileiros.

  • Por ter sido a primeira  língua indígena a que os europeus tiveram contato a partir do século XVI, ao longo da extensa faixa litorânea do novo território, o tupi foi, durante muito tempo considerado a língua indígena “oficial” pelos colonizadores, chegando mesmo a ser utilizada pelos jesuítas na catequese em uma rearticulação feita com o latim a que foi chamada de “língua geral” ou nhengatu e concorreu, até o século XVIII, com o português pelo posto de língua oficial da colônia;
  • Tal importância acabou por relegar a categorias subalternas os inúmeros outros povos e línguas indígenas diferenciadas faladas ao longo do território.

Classificação da Diversidade Linguística atual.

  • O método de classificação e identificação de grupos indígenas mais utilizado pelos linguístas na atualidade → tipo Genético: reúne em uma só classe as línguas que tenham tido uma origem comum em uma língua anterior e que se fazem derivar (reproduzir) em vocábulos nas línguas atuais, a partir de uma minuciosa apreciação de leis fonéticas específicas pelos linguístas → da mesma maneira que se pode deduzir que as línguas neolatinas (português, francês, italiano, espanhol, etc.) derivam do latim vulgar.
  • Desse modo, as línguas que tem uma origem comum são todas reunidas em uma mesma família. As famílias oriundas de uma língua ainda mais remota são agrupadas em um bloco (ou tronco). Os blocos que por sua vez apresentam afinidades são colocados num mesmo filo.
  • Modelo de classificação linguística mais adotada atualmente → classificação proposta pelo linguísta Aryon Dall’Igna Rodrigues no livro Línguas Brasileiras (Rodrigues, 1986) de “troncos linguísticos”→ tal perspectiva pressupõe que se as línguas de uma mesma família tem origem numa mesma língua anterior, pode significar uma origem comum em um único grupo mais antigo (ou um modelo de imposição linguística por dominação);
  • Logo, se dois povos falam línguas da mesma família, esse dado pode indicar uma conexão histórica no passado. Por sua vez se tem origem comum ou conexão histórica, podem dispor também de instituições sociais em comum, o que nos leva a crer que a classificação linguística possa trazer valiosas informações para os estudos históricos e etnológicos.

Classificação das Etnias Indígenas Brasileiras em Troncos Linguísticos

  • Exemplo: Modelo Indo-europeu:


  • No que diz respeito às línguas indígenas no Brasil, por sua vez, há dois grandes troncos – 

* Tupi 
* Macro-Jê
  •  Além disso, há ainda 19 famílias lingüísticas que não apresentam graus de semelhanças suficientes para que possam ser agrupadas em troncos.
  • Há, também, famílias de apenas uma língua, às vezes denominadas “línguas isoladas”, por não se revelarem parecidas com nenhuma outra língua conhecida. 



Outras Famílias

Distribuição no espaço territorial brasileiro das comunidades agrupadas por famílias linguísticas:

Referências

MELATTI, Julio Cezar. Índios do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2007.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Por que "Cobra Grande"?

O Abraço da Serpente: um outro olhar sobre as identidades indígenas